Nesta edição, você vai conferir uma análise incrível com os dados do IPCC sobre emissões de CO2 no mundo, tudo já tratado e prontíssimo para sua análise em nosso datalake público. Temos também uma entrevista exclusiva sobre a importância da disponibilização e amplo acesso a dados da questão ambiental no Brasil e, claro, todas nossas novidades e dicas do mês. Boa leitura!
📊 Uma boa pergunta
Quais são os países que mais emitem CO2 no mundo?
Já sabemos que reduções nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), que absorvem uma parte dos raios do sol e os redistribuem em forma de radiação na atmosfera, são fundamentais para ajudar a evitar mudanças climáticas desastrosas a longo prazo. Dentre esses gases estão o CH4, N2O, O3, halocarbonos, vapor d’água e o CO2, apontado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC) como o principal contribuinte para o aquecimento global. De acordo com o órgão, o CO2 representa 55% do total das emissões mundiais de gases do efeito estufa.
Para identificar padrões e insights interessantes sobre as emissões desse gás, analisamos os dados do próprio IPCC, já disponíveis e prontos para sua análise na BD. Você pode explorar essas informações através do conjunto World Development Indicators (WDI), a principal coleção de indicadores de desenvolvimento do Banco Mundial, compilada a partir de fontes internacionais oficialmente reconhecidas.
Os seis países que mais emitiram CO2 em 2014 – China, EUA, Índia, Rússia, Japão e Brasil – foram responsáveis por aproximadamente 58,2% do total de emissões no mundo. A China aparece disparada como país que mais emitiu CO2, com 11,9 milhões de toneladas do gás liberados na atmosfera, o que corresponde a 26,7% do total de emissões no planeta. Com pouco menos da metade do volume de emissões do dragão asiático, os EUA foi o segundo maior emissor, contabilizando 6,2 milhões de toneladas de CO2 naquele ano. Já o Brasil somou 1,1 milhão de toneladas, o que representa 2,5% do total de emissões no planeta.
Ainda é possível avaliar quanto cada setor contribuiu para as emissões de CO2. Apenas o setor de eletricidade da China emitiu praticamente o mesmo volume que todos os setores emissores dos EUA somados, ou seja, 6,2 milhões de toneladas. Diferente dos outros países do ranking, que concentram o maior volume de suas emissões proveniente do setor de eletricidade, no Brasil o setor que mais emite é o de transportes, com um volume de emissão de meio milhão de toneladas.
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Especialista em Clima e Emissões no Imaflora e responsável pelo setor agropecuário no SEEG
Seja qual for o tema, o acesso a dados e evidências é fundamental para elaboração de iniciativas eficazes, políticas públicas e para a tomada de decisão. Essa é a importância de organizações como o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), que produz de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, documentos analíticos
sobre a evolução das emissões e um portal na internet para disponibilização de forma simples e clara dos dados do sistema.
Hoje falamos com a Renata Potenza, especialista em Clima e Emissões no Imaflora e responsável pelo setor agropecuário no SEEG, para entender melhor a importância da produção de conhecimento de qualidade para evitar mudanças climáticas desastrosas a longo prazo. Formada em engenharia florestal e Mestra em avaliação de serviços de ecossistêmicos pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), Renata também é membro do Youth Climate Leaders, e do Climate Reality Project.
O direito de acesso a informações ambientais já é reconhecido em documentos como a Declaração do Rio, resultante da Conferência Eco-92. Qual a importância da disponibilização desses dados de forma acessível e como organizações como o Observatório do Clima e o SEEG têm contribuído para isso?
O SEEG é um programa dentro do Observatório do Clima, que traz anualmente as estimativas de gases do efeito estufa a nível nacional, estadual e municipal. Sobre a disponibilização desses dados, eu sempre gosto de dizer que não tem como direcionarmos um problema se não o conhecermos bem, se não entendermos o tamanho do problema. Ter esse conhecimento, disponibilizado por instituições que possuem essa qualidade técnica, é fundamental para entendermos quais os melhores planos e estratégias de ação. Precisamos conhecer para depois resolver.
Hoje, o SEEG consegue trazer os dados de estimativas das emissões de gases do efeito estufa ano a ano, embora a publicação seja sempre relacionada ao ano anterior, que é o que temos disponível na base de dados oficial brasileira e em outros dados que temos acesso. Então, além da importância de trazer transparência a esses dados e garantir o acesso a eles por todos os setores da sociedade, é importante garantir também agilidade para esse processo, para não perdemos o timing da urgência climática.
Sabemos que reduções nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) podem nos ajudar a evitar mudanças climáticas desastrosas a longo prazo. Como a produção de estimativas anuais das emissões desses gases tem contribuído para criação de políticas públicas, projetos e iniciativas em favor do meio ambiente?
A produção e disponibilização de conhecimento acessível e com qualidade, ou seja, que esteja disponível para qualquer pessoa física ou para o setor privado, é muito rica. Para exemplificar, no ano passado lançamos o SEEG soluções, com 87 soluções iniciais que nos ajudam a entender como podemos dar usabilidade para esses dados. Com isso, municípios que queiram implementar um programa ou iniciativa de descarbonização em qualquer um dos setores têm agora disponível um cardápio de soluções possíveis. Apesar de não substituir a necessidade de fazer um inventário municipal detalhado, as informações do SEEG oferecem insights sobre onde estão as principais fontes de emissão e os setores que precisam ser priorizados. O documento é também uma maneira de estudar municípios e programas que deram certo e que podem servir de inspiração para novas ações. Assim, conseguimos gerar subsídios para que os prefeitos, estados e o próprio Brasil possam criar celeridade e escala para revertermos o cenário das emissões brasileiras.
💡 Pra ficar ainda mais fácil
Está explorando um conjunto de dados, mas não sabe por onde começar sua análise? Use nosso repositório de análises no GitHubpara se inspirar e reaproveitar os códigos. Você pode adaptar o código das análises que publicamos e reproduzir os mesmos recortes para seu próprio estado ou município. Comece agora e se divirta com os dados da BD.
📌 O que rolou esse mês
Primeiros passos no SQL | Preparamos um tutorial com o passo a passo para começar sua análise usando SQL e nosso datalake público. No vídeo, explicamos comandos básicos como SELECT, AND, OR, NOT, LIMIT, DISTINCT e WHERE, com exemplos práticos para você reproduzir e aprimorar suas habilidades de pesquisa com bancos de dados. Assista por aqui.
Crédito Rural no Brasil | O Gabriel Pisa, analista de dados na BD, elaborou um artigo bem interessante sobre como usar nosso datalake público para explorar e criar análises com os microdados do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor). Leia por aqui.
Atlas da Vulnerabilidade Social | Os dados do Atlas da Vulnerabilidade Social (AVS) já estão disponíveis e prontos para sua análise na BD. São diversos indicadores que oferecem um panorama da vulnerabilidade e da exclusão social dos municípios e estados. Veja a análise que produzimos com esses dados ou já comece a explorar.
📡No radar
Bolsa para reportagens sobre Energia e Crise Climática | Agência Pública e Conectas lançam bolsas de R$ 8 mil para repórteres interessados em investigar os efeitos da produção de energia. O resultado será divulgado entre o final de março e o início de abril. As reportagens devem ser publicadas até julho de 2023. Veja como se inscrever.
Dicas para acessar informações públicas | O maior evento de dados abertos do mundo chega à sua 13ª edição. Este ano, a data será celebrada de forma inédita ao longo de uma semana, entre os dias 4 e 10 de março. Você pode conferir mais informações poraqui.
🌎 Databasers
Willian Antônio Siqueira, Engenheiro de Software na Red Hat, construiu um dashboard muito interessante com dados da BD defiliações partidárias. Pelo dashboard, é possível filtrar filiações e cancelamentos por estado ou partido. Confira por aqui.