Nesta edição, você vai conferir uma análise inédita com os dados do Saeb 2021 que já estão fresquinhos em nosso datalake público, além de saber como está sendo nosso projeto com uma das organizações mais importantes para a educação no Brasil. Claro que também não poderia faltar nossa entrevista e todas as novidades da BD. Boa leitura!
📚 Parceria: Fundação Lemann
Em 2022, a Fundação Lemanncriou sua área de Conhecimento, Dados e Pesquisa e a primeira iniciativa dessa frente foi convidar a BD para apoiar a operacionalização desta estratégia, contribuindo com a construção de um fluxo de estruturação e análise de dados e indicadores. A parceria uniu equipes dedicadas em construir conhecimento, gerar insights e compreender cenários para desenvolver projetos que impulsionam ativamente o avanço da educação no Brasil e a formação de lideranças preparadas e com representatividade.
A BD trouxe soluções práticas para tornar isso possível, com a reestruturação da arquitetura dos dados utilizados pela Fundação, tratamento e disponibilização de novas bases de dados, análise das informações coletadas e construção de painéis interativos atualizados automaticamente. Com isso, diversos conjuntos de dados importantes sobre a educação no Brasil estão hoje disponíveis na BD. Dentre eles estão os dados do Saeb 2021, tema desta edição da BDletter. Você pode conferir os detalhes do trabalho empenhado na parceria pelo nosso site.
Como o desempenho em matemática evoluiu nas escolas brasileiras ao longo dos anos?
A BD está com uma novidade quentíssima para quem pesquisa educação no Brasil. Os dados agregados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021 já estão tratados e prontos para análise em nosso datalake público. São informações que representam os indicadores mais importantes sobre o nível de aprendizado de crianças e jovens por todo o Brasil, com foco nas aquisições de habilidades e competências em língua portuguesa e matemática.
Publicada em setembro pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a nova edição do Saeb trouxe algumas novidades, como a aplicação das provas e dos questionários migrando progressivamente para o formato digital. Você já pode acessar os dados históricos do conjunto de avaliações, de 1995 até 2021. Vale lembrar que os microdados da nova edição ainda serão divulgados pelo Inep até dezembro de 2022.
Para exemplificar o que é possível explorar com esse conjunto, preparamos a visualização abaixo, que compara a média de proficiência em matemática do Saeb nos estados brasileiros ao longo dos anos. Podemos identificar quais regiões se destacam na avaliação, como foi seu desempenho na disciplina e até qual o impacto da pandemia nesse indicador da educação brasileira.
Em 2021, Santa Catarina lidera com a maior média em matemática do país, 270.53, seguida de São Paulo e Paraná, ambos com média 266.94. Por outro lado, Maranhão apresentou a menor média da disciplina, com apenas 229.27. Vale destacar que, ao longo dos anos, o Ceará foi o estado que apresentou o maior crescimento na média de proficiência da disciplina, indo de 242.96 para 262.76. Em 10 anos, as escolas cearenses somaram um crescimento de 9,9% na média de matemática.
Comparar as últimas duas edições pode ajudar a entender como a pandemia do COVID-19 afetou a educação brasileira. Desde 2013, o Brasil demonstrava um crescimento médio de 1% na prova de matemática ao longo das edições. Já entre 2019 e 2021, esse cenário se inverteu e a média nacional teve uma queda de 2,5%, indo de 258.50 para 251.97.
Embora alguns estados tenham sido mais impactados do que outros, a grande maioria apresentou pior desempenho na disciplina no ano passado. Das 27 unidades federativas, 25 tiveram uma média menor em 2021 - as exceções foram Amapá e Roraima, mas que cresceram apenas 0,1% e 1%, respectivamente. O Piauí foi o estado com maior impacto negativo na média ao longo do período, com uma nota 4,5% mais baixa. Já o estado que teve a queda menos acentuada foi o Mato Grosso, com 1,4%.
Através do conjunto é possível analisar também o desempenho nas avaliações de Língua Portuguesa. Explore, analise e não deixe de compartilhar conosco. Tem alguma pergunta interessante na manga? Mande para nós, quem sabe você não encontra ela aqui na próxima edição!
Pesquisador na área da Diretoria de Estudos Educacionais (DIRED) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep)
Os dados do Saeb 2021 já chegaram na BD e nós conversamos com o Adriano Senkevics, pesquisador na área da Diretoria de Estudos Educacionais (DIRED) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), para entender melhor o sistema de avaliação, as mudanças da edição de 2021 e perspectivas para seu futuro.
Adriano é doutor e mestre em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em políticas públicas em gênero e raça pela Universidade de Brasília (UnB). No mestrado e no doutorado, realizou estágio-sanduíche nas Universidades de Sydney (Austrália) e de Toronto (Canadá), respectivamente. Foi também ganhador da 10ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, além de ganhar o Prêmio Capes de Tese 2022 na área de Educação.
O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentaram em setembro os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021, cujos dados agregados já estão disponíveis na BD. Qual a importância desse indicador para a compreensão do cenário educacional no Brasil?
Os dados do Saeb representam os indicadores mais importantes, em âmbito nacional, sobre o nível de aprendizado de crianças e jovens por todo o Brasil, com foco nas aquisições de habilidades e competências em língua portuguesa e matemática. As avaliações do Saeb existem desde o início dos anos 1990. A partir de 1995, adotou-se a teoria de resposta ao item para o cômputo das notas, o que permitiu que os resultados nas avaliações fossem comparáveis desde então.
Em 2005, o Inep passou a aplicar a avaliação em caráter censitário para as escolas públicas de 5º e 9º ano do ensino fundamental, o que permitiu a geração de dados bastante desagregados sobre o desempenho escolar, iluminando desigualdades entre estabelecimentos de ensino e municípios. Finalmente, em 2017, passou-se a obter informações censitárias também sobre as escolas públicas que oferecem a 3ª série do ensino médio. Assim, dispomos de um sistema de estatísticas de aprendizado bastante ricas para entender a educação brasileira, dos anos iniciais do ensino fundamental ao ensino médio.
Essa edição do Saeb trouxe algumas mudanças e novidades, como a aplicação das provas e dos questionários migrando progressivamente para o formato digital. Qual é a relevância dos questionários para a pesquisa em educação no país?
Os questionários do Saeb são fundamentais para iluminar os fatores associados ao desempenho, compreender o contexto em que a aprendizagem se dá, entender o que configura escolas de excelência ou, por outro lado, escolas que pontuam abaixo do esperado. Esses questionários envolvem uma gama de instrumentos: desde questionários respondidos pelos próprios estudantes no ato de aplicação da prova (respeitadas as especificidades de cada faixa etária), até questionários respondidos por docentes e por um responsável escolar, sem mencionar um novo modelo de questionário aplicado aos pais, em fase de teste.
Nesses instrumentos, dispomos de informações sobre condições socioeconômicas, práticas de ensino, atividades extracurriculares, incentivos parentais aos estudos, realização de lição de casa, ocorrência de indisciplina ou violência escolar, entre outros temas. Para a pesquisa, são insumos muito importantes porque são coletados a cada dois anos para quase a totalidade das escolas públicas e uma amostra das escolas privadas.
Quais são as perspectivas para o futuro do Saeb? Em que aspectos a avaliação pode evoluir para tornar-se ainda mais importante?
O Saeb tem caminhado na direção correta, mas merece mais atenção para alguns pontos sensíveis. Destaco três: Primeiro, a ênfase em língua portuguesa e matemática justifica-se historicamente, mas é hora de a avaliação começar a produzir e divulgar, com mais frequência, resultados em outras áreas de conhecimento (como ciências humanas e da natureza), até para induzir escolas a atentar a essas dimensões do currículo escolar. Segundo, os questionários do Saeb merecem uma revisão, pois o marco teórico deles ainda é largamente baseado na mesma matriz do início dos anos 2000; essa revisão, contudo, deve ser cuidadosa e articulada aos demais instrumentos de pesquisa do Inep (Censos Educacionais, Enem, Enade, etc.), evitando sobreposições e permitindo complementação entre os dados gerados. Terceiro, o desenho amostral do Saeb é bastante complexo e muito adequado para fornecer um retrato amplo das escolas públicas, mas esse desenho precisa estar mais bem explicado na documentação oficial, para evitar confusões por parte dos usuários. Até hoje, vemos que há muito desentendimento no uso dessas informações.
💡 Pra ficar ainda mais fácil
Com os dados do pacote geobr já tratados e disponíveis no datalake público da BD, ficou muito mais fácil fazer sua análise geoespacial. Agora você pode acessar os dados que precisa, com uma variável espacial do geobr, exportar essas informações em csv e adicioná-las no seu SIG favorito. Utilizamos o QGIS por ser uma plataforma open source e gratuita para análise de dados geoespaciais.
O processo é simples: para entender, por exemplo, quantas cabeças de gado existiam em cada estado brasileiro no ano de 2017, podemos usar a consulta abaixo no BigQuery para acessar as informações desse recorte específico e baixá-los em um arquivo .csv.
Com o arquivo em mãos, você pode adicioná-lo facilmente ao QGIS para criar seu próprio mapa com essas informações. Teve alguma dúvida sobre como usar os dados do geobr? Preparamos um tutorial com o passo a passo para te ajudar. Confira por aqui.
📌 O que rolou esse mês
Eleições 2022 | Outubro começou e vai terminar com boa parte da população atenta com as eleições. Aqui na BD não é diferente. Os dados com resultados da votação do 1ª turno já estão tratados e prontos para sua análise em nosso datalake público. São dados atualizados de candidatos e partidos por seção eleitoral, desde 1994. Acesse já.
Vale lembrar que ainda é possível conferir e acompanhar as prestações de contas das candidaturas pelo painel Siga o Dinheiro, criado pela BD em parceria com o JOTA. Pelo painel, você pode filtrar as informações por candidato(a), cargo ou partido, além de criar recortes geográficos, raciais e de gênero. São diversas possibilidades para você explorar como quiser.
Perguntas Frequentes | A BD trouxe diversas possibilidades para quem quer analisar dados públicos. Nesse processo, é natural que apareçam dúvidas sobre a plataforma, como acessar nosso datalake, pacotes, dentre outras. Agora você pode conferir as principais dúvidas da comunidade em nosso site.
Setembro Amarelo | No mês da maior campanha de conscientização sobre o suicídio no mundo, utilizamos os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) para preparar uma análise da distribuição dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) pelo Brasil. Veja o resultado e saiba como acessar esses dados também.
📡No radar
CODA 2022 | Já estão abertas as inscrições para a Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais e a BD irá marcar presença nesta edição. O evento será híbrido e você já pode garantir seu ingresso por aqui.
#Hacktoberfest |Ao longo de todo o mês de outubro é comemorado o Hacktoberfest, evento internacional para incentivar contribuições com projetos de código aberto. Organizações como a Open Knowledge Brasil já prepararam instruções para quem quiser colaborar. Em breve, você poderá aproveitar a ocasião para contribuir com a BD também. Fique ligado(a) em nossas redes sociais!
#CartaParaUmGovernoEstadualAberto | Mais de 17 organizações endossaram a carta da campanha #CartaPorUmGovernoEstadualAberto, propondo que candidaturas aos governos estaduais e assembleias legislativas de todo o Brasil assumam o compromisso público pelo fortalecimento da transparência e do acesso à informação e pela consolidação de uma política estadual de abertura de dados ao longo da gestão de 2023-2026. Confira a carta-compromisso por aqui.
🌎 Databasers
Fernando Barbalho, cientista de dados sênior na Secretaria do Tesouro Nacional, utilizou os dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), já tratados e padronizados na BD, para analisar as melhorias no índice pelo Brasil, nordeste e Ceará. Acesse também esses dados e comece sua análise!