Estamos a poucas semanas das eleições e já tem muita novidade na BD para quem gosta de explorar dados eleitorais. Nesta edição da BDletter, você confere uma análise exclusiva sobre a representatividade nas candidaturas, o lançamento do Siga o Dinheiro, painel interativo para você acompanhar as receitas e despesas eleitorais, além de dicas sobre como facilitar ainda mais seu trabalho com dados e conteúdos interessantes de nossos usuários. Boa leitura!
📊 Uma boa pergunta
O perfil racial dos candidatos das eleições 2022 representa a população brasileira?
A representatividade é um tema recorrente nas eleições deste ano. Depois da reforma eleitoral aprovada no Congresso no ano passado, os votos dados a mulheres e pessoas negras contam em dobro para a distribuição dos recursos do Fundo Eleitoral. Mas será que essa medida reflete no perfil das candidaturas de 2022?
Elaboramos um indicador de representatividade racial para avaliar esse cenário nos estados brasileiros. Para isso, fizemos uma relação entre a proporção de candidatos(as) que se autodeclaram pretos ou pardos e a proporção da população dentro dessas categorias.
Quando olhamos a nível nacional, o cenário é de 56% da população preta ou parda para 50,2% dos candidatos que assim se identificam racialmente. Destacamos na visualização a Bahia, estado com perfil de candidatos que melhor representa sua população – 81,1% da população declarada como preta ou parda para 78,4% dos candidatos na mesma categoria – , e o Paraná, onde a situação é inversa – 36,1% da população declarada como preta ou parda para apenas 24,1% de candidatos.
Pela BD, você pode analisar os dados de eleições brasileiras do TSE para identificar como é esse cenário em seu próprio estado hoje e ao longo dos anos, dentre muitas outras possibilidades. São dados de 1994 até 2022, com várias informações sobre o perfil das candidaturas, como idade, gênero, raça, escolaridade, nacionalidade e muito mais. Tudo já tratado, integrado e prontinho para sua análise.
Através desse conjunto, você pode também analisar as desigualdades de raça e gênero no financiamento das campanhas eleitorais. Explore quais partidos mais encaminharam recursos do Fundo Partidário para candidaturas de grupos sub-representados, em quais estados esse financiamento é mais igualitário, dentre inúmeros outros recortes possíveis.
Tem uma boa pergunta sobre eleições na manga? Mande para nós através das redes sociais, quem sabe você não encontra ela aqui na próxima edição!
Nosso mais novo projeto já está no ar! O painel interativo Siga o Dinheiro chegou para trazer mais transparência e acessibilidade ao financiamento e despesas de candidatos e partidos nas eleições de 2022. Lançado em parceria com o JOTA, o painel organiza dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualizados automaticamente, em várias visualizações interativas que possibilitam pesquisas e análises com diferentes recortes.
O projeto foi desenvolvido para permitir que qualquer eleitor(a) consiga explorar como os recursos estão sendo distribuídos. Isso é possível através do sistema de filtros que podem ser aplicados em cada um dos gráficos do painel. Para identificar, por exemplo, qual a receita de candidatas a Câmara Estadual de São Paulo que sejam mulheres de etnias indígenas, é possível utilizar os filtros de UF (SP), Cargo (Deputada Estadual), Gênero (Feminino), Raça ou Cor (Indígena) na seção "As candidaturas mais bem financiadas". São diversas possibilidades para você explorar como quiser.
O projeto também conta com a publicação semanal de artigos inéditos sobre o financiamento de campanhas das Eleições de 2022. São análises com os dados do painel, elaboradas por especialistas do JOTA e colaboradores da BD.
Conseguiu identificar um recorte ou insight interessante com o painel? Compartilhe nas redes usando a hashtag #SigaODinheiro para ficar mais fácil de encontrarmos sua análise!
💬 Trocando dados
com Arthur Fisch
Pesquisador no Centro de Política e Economia do Setor Público (CEPESP), da FGV
No desenvolvimento do projeto Siga o Dinheiro, contamos com a ajuda de voluntários e especialistas. Dentre eles, está Arthur Fisch, Bacharel em Economia pela USP e Doutor em Administração Pública e Governo pela FGV com período de pesquisador visitante no MIT. Seu foco de pesquisa são eleições e instituições políticas, em especial partidos e financiamento eleitoral.
Arthur utilizou os dados do Siga o Dinheiro para analisar como a tecnologia mudou a maneira de se financiar campanhas nesses eleições em um artigo publicado pelo JOTA e conversou conosco sobre a importância desse tipo de ferramenta para trazer mais transparência e acessibilidade na prestação de contas de candidatos e partidos.
Acessar e comparar informações das prestações de contas das eleições é uma tarefa que demanda tempo de pesquisa e análise. Qual a importância de ferramentas que trazem mais transparência e acessibilidade nesse processo?
As campanhas eleitorais custam dinheiro, então arrecadar e aplicar recursos é parte do processo de disputa política. A grande questão é ter uma disputa justa em que não haja abuso de poder econômico, compra de votos, ou outras irregularidades. A prestação de contas atua justamente para trazer maior controle social sobre as atividades de campanha, em especial aquelas relacionadas a dinheiro. A grande questão é que analisar dados das contas eleitorais não é tarefa simples, às vezes exige conhecimento de programação para conseguir dar sentido a um grande emaranhado de dados.
Nesse mar de informações, ferramentas que trazem mais acessibilidade são fundamentais. Com elas, o controle social do processo acaba sendo realizado de forma descentralizada, seja por membros da imprensa, de organizações da sociedade civil, ou por outros partidos e candidatos. As ferramentas de acesso aos dados de prestação de contas acabam tendo um papel muito importante no controle social das campanhas e da eleição, algo fundamental para o processo democrático.
Ao acompanhar a arrecadação de candidatos para as campanhas com o Siga o Dinheiro, você já conseguiu identificar algum erro ou discrepância nas prestações de contas?
Sim. É comum existirem alguns erros de preenchimento na prestação de contas por parte dos candidatos. Isso ocorre às vezes até por erros de digitação. Nessa eleição, usando o Siga o Dinheiro encontramos o caso de um candidato a Deputado Federal que havia declarado ter gasto mais de 400 milhões de reais, valor muitas vezes superior ao teto permitido em lei. Não foi má fé e sim um erro que pode acontecer no processo.
Ferramentas e projetos como o Siga o Dinheiro ajudam a encontrar esses casos e também a ficarmos mais atentos a possíveis irregularidades. Ao fim, o grande resultado positivo é uma sociedade civil mais atenta às contas eleitorais e prestações mais fidedignas. É um ganho para todo o processo eleitoral e para a democracia.
💡 Pra ficar ainda mais fácil
Você já usa a nossa base de Diretórios Brasileiros para facilitar sua análise? Ela cria relações entre entidades para facilitar o cruzamento de tabelas de diferentes conjuntos de dados. Cada tabela desse conjunto representa uma entidade do nosso datalake público, como UF, município, escola, distrito, setor censitário, categorias CID-10 e CID-9, CBO-2002 e CBO-1992, dentre outras.
Veja um exemplo prático: Ao consultar as principais causas de mortalidade no conjunto do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), você terá como resultado os códigos CID-10 para as causas com maior número de mortes. Para identificar facilmente quais as categorias e subcategorias das causas, você pode cruzar esse conjunto com Diretórios Brasileiros. Veja abaixo o código desse cruzamento e como fica o resultado:
📌 O que rolou esse mês
Você conhece mesmo a BD? | A BD já faz parte da vida e trabalho de muita gente, mas nem todos conhecem nossa história, nossos valores e quem está por trás de tudo o que fazemos. Preparamos uma nova página de Quem Somos em nosso site para você nos conhecer melhor.
Espécies ameaçadas de extinção |Bruno Mioto, doutorando no PEA - UEM e voluntário da BD, tratou e subiu em nosso datalake público a tabela com a nova lista da fauna e flora ameaçadas de extinção, publicada esse ano pelo Ministério do Meio Ambiente. Para ilustrar o que é possível analisar com esses dados, Bruno também nos ajudou a produzir uma visualização que mostra a porcentagem e o número de espécies em cada categoria de conservação.
📡No radar
#CartaParaUmGovernoEstadualAberto | Mais de 17 organizações endossaram a carta da campanha #CartaPorUmGovernoEstadualAberto, propondo que candidaturas aos governos estaduais e assembleias legislativas de todo o Brasil assumam o compromisso público pelo fortalecimento da transparência e do acesso à informação e pela consolidação de uma política estadual de abertura de dados ao longo da gestão de 2023-2026. Confira a carta-compromisso por aqui.
Observatório de Impulsionamento Eleitoral | O Núcleo Jornalismo, iniciativa que cobre o impacto das redes sociais nas vidas das pessoas, lançou uma nova ferramenta para acompanhar o investimento de candidatos e partidos no impulsionamento de conteúdo de redes sociais. Confira por aqui.
Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de dados | A Open Knowledge Brasil, organização que desenvolve ferramentas cívicas, projetos e análises e políticas públicas, já abriu as inscrições para o maior prêmio de jornalismo de dados do país. Veja mais informações por aqui.
🌎 Databasers
Adolfo Guimarães, professor na Universidade Tiradentes, analisou os dados de eleições brasileiras pela BD para criar um rico panorama da participação das mulheres na política com dados de eleições brasileiras. Olha a quantidade de informações interessantes que é possível extrair desse conjunto. Acesse você também os dados atualizados de eleições, crie sua análise e não deixe de marcar a BD para compartilharmos também!