Chegamos na segunda semana de agosto e, com ela, vem nossa BDletter trazendo análises, entrevistas exclusivas e tudo o que rolou na BD no último mês. Celebrando o Dia Nacional da Saúde, comemorado em 5 de agosto, nossa newsletter traz uma análise interessante sobre a cobertura da atenção básica no Brasil, uma entrevista sobre o novo IEPS Data e mais. Boa leitura!
📊 Uma boa pergunta
A cobertura dos serviços de atenção básica acompanhou o crescimento populacional em seu estado?
Agora você já pode acessar pela BD os microdados da cobertura da atenção básica no Brasil, já tratados e prontos para análise. São dados mensais, de 2007 a 2020, a nível de município. Essa base possibilita diversas análises envolvendo a cobertura populacional estimada de equipes de Atenção Básica e de Saúde da Família, estratégia criada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para acompanhar famílias com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes.
O conjunto abrange diversas variáveis como a quantidade de equipes dedicadas à atenção básica, proporção de cobertura de atendimento, estimativa da população coberta, carga horária ambulatorial médica, de enfermagem e mais! Como está a cobertura de atenção básica na sua cidade? Já comece a explorar por aqui.
A visualização da imagem acima demonstra a proporção da capacidade de atendimento das equipes por população do estado. Os mapas identificam como era a proporção da cobertura de atenção básica no mês de dezembro de cada ano, desde 2007. Cabe observar que a cobertura de atenção básica abrange apenas equipes de saúde pública, sem contabilizar estabelecimentos privados.
De acordo com os dados, a média nacional da evolução da proporção de cobertura da atenção básica foi positiva nesse período e chegou a 81% em 2020, comparado aos 68% de 2007. A Bahia se destaca pela maior evolução dentre os estados brasileiros, com um aumento de 22,87%, chegando a ter 84,35% da sua população coberta. Dentre os estados com maior taxa de crescimento, estão também o Rio Grande do Sul (22,46%), Roraima (21,7%) e Pará (20,41%).
Piauí, Paraíba e Tocantins apresentam as maiores proporções de cobertura da atenção básica em 2020, com 99.15%, 97.84% e 94.62% da população coberta, respectivamente. Apesar de suas taxas de crescimento serem baixas, é importante considerar que suas proporções de cobertura já eram elevadas em 2007. Por outro lado, Distrito Federal (58.72%), Rio de Janeiro (58,95%) e São Paulo (62,92%) são os estados com as menores proporções de cobertura em 2020, embora tenham apresentado altas taxas de crescimento ao longo do período.
Vale ressaltar também que cada estado apresenta particularidades em relação à população que utiliza demais sistemas de saúde. Um estado que apresenta uma cobertura relativamente baixa não necessariamente significa que não tenha população sendo atendida por demais sistemas de saúde (privado e outros).
Você também tem uma boa pergunta? Mande para nós através das redes sociais, quem sabe você não encontra ela aqui na próxima edição!
Coordenador técnico do IEPS Data e pesquisador do IEPS
Quem trabalha com dados de saúde no Brasil sabe a dificuldade de buscar indicadores de diferentes fontes, tratar todas as informações para só depois começar uma análise. O Instituto de Estudo para Políticas de Saúde (IEPS) criou uma solução elegante para esse problema: o IEPS Data, painel interativo que reúne mais de 180 indicadores de saúde.
Para entender melhor a iniciativa, conversamos com o Matías Mrejen, coordenador técnico do IEPS Data e pesquisador do IEPS. Ele falou sobre o processo e metodologia envolvida na criação do painel, a importância de facilitar o acesso a informações governamentais para a construção, implementação e avaliação de políticas públicas baseadas em evidências, e mais.
Os dados do Ministério da Saúde são disponibilizados em diferentes fontes, o que exige conhecimentos específicos sobre o manejo de base de dados para produzir uma análise com mais de um indicador. Essa dificuldade inspirou a criação do IEPS Data? Como a nova ferramenta facilita o acesso e análise dessas informações?
Sim, essa foi uma das inspirações para criar o IEPS Data. A disponibilidade de dados de saúde no Brasil é muito rica: além dos dados do Datasus, tem dados de outras fontes como a ANS e o IBGE. No entanto, trabalhar com esses dados para construir indicadores que permitam produzir análises não é algo trivial.
No IEPS Data, nós pensamos em dois pilares principais para facilitar o acesso e a análise dessas informações. O primeiro é a apresentação de indicadores metodologicamente robustos. O processo de seleção dos indicadores contou com entrevistas e conversas com especialistas, que foram essenciais para a escolha de indicadores com informações substanciais sobre a saúde dos diferentes locais do Brasil. Os indicadores disponibilizados no site estão acompanhados de uma documentação que descreve a fonte dos dados, a fórmula de cálculo e discute os usos e limitações de cada indicador.
O segundo pilar é a apresentação dos indicadores de uma forma acessível para um público amplo e que permitisse a comparação de indicadores entre municípios ou regiões de saúde ao longo do tempo. A navegação no portal é muito amigável para o usuário e permite acessar muito facilmente um resumo dos principais indicadores de saúde de cada município ou região de saúde (o "Panorama de Saúde Local"), além de visualizações que permitem comparar entre municípios de um mesmo estado ou entre um município e a sua região de saúde, macrorregião de saúde, estado e o Brasil. Adicionalmente, é possível baixar todos os dados utilizados no portal e acessar o repositório de códigos utilizados para a limpeza dos dados e cálculo dos indicadores. Desta forma, o IEPS Data facilita o acesso e análise dessas informações para usuários com diferentes níveis de conhecimento sobre limpeza e análise de dados.
Qual a importância de facilitar o acesso a importantes indicadores de saúde para a construção de políticas públicas baseadas em evidências e mais eficazes?
Facilitar o acesso à informação é essencial para o processo de construção, implementação e avaliação de políticas públicas baseadas em evidências. O IEPS Data facilita que usuários com diferentes níveis de conhecimento sobre limpeza e análise de dados possam acessar indicadores de saúde. Por exemplo, o portal facilita que professores, pesquisadores e estudantes acessem dados já tratados sobre atenção básica, recursos do sistema de saúde e mortalidade e morbidade, dentre outros.
Esperamos que essas informações facilitem o processo de elaboração de estudos que descrevam a situação da saúde nos diferentes locais do Brasil ou avaliem o impacto de políticas públicas sobre a saúde. Adicionalmente, o IEPS Data permite que gestores públicos de todos os municípios e estados do Brasil possam acessar facilmente os indicadores de saúde da sua localidade e compará-los com outros locais. Esperamos que isso facilite o monitoramento e avaliação de políticas de saúde a nível local.
Finalmente, o portal permite que jornalistas e comunicadores acessem indicadores de saúde de todos os municípios, regiões de saúde e estados do Brasil, além de indicadores a nível nacional. Esperamos que isso facilite colocar em pauta assuntos relacionados à saúde e o monitoramento e a fiscalização das políticas na área da saúde.
💡 Pra ficar ainda mais fácil
Cansado(a) de ter que buscar e traduzir números identificadores de cidades e países? Com nossa base de Diretórios Brasileiros você não precisa mais fazer isso. Ela cria relações entre entidades para facilitar o cruzamento de tabelas de diferentes conjuntos de dados.
Veja um exemplo prático: Ao acessar dados da base Comex Stat, que contém dados detalhados das exportações e importações brasileiras, podemos usar como chave primária a coluna id_pais para extrair o nome do país de onde importamos da base de Diretórios. O resultados da consulta retorna o estado de destino da importação, o valor da importação e o nome do país de origem.
Confira a seguir a consulta e o resultado:
📌 O que rolou esse mês
Curso de Análise de Dados de Governo | Em uma parceria inédita com a Souk Analytics, lançamos o curso Análise de Dados de Governo, que ensina formas de extrair e analisar dados qualificados sobre o governo brasileiro usando a BD. A formação inclui certificado de conclusão e pode ser feita gratuitamente pela plataforma da Souk Analytics. Confira por aqui.
Painel Fotografia do Município | Chegou a Fotografia do Município, um painel interativo criado em parceria com a rede A Ponte para facilitar a análise de dados do seu município. Com poucos cliques você encontra visualizações incríveis com dados de representatividade, população, mercado de trabalho, educação, saúde, violência e muito mais! Confira por aqui.
Vaga de Analista de Dados | Mais uma vaga para quem ama dados, visualizações e análises. Estamos buscando um(a) analista para tratar, analisar e visualizar dados em áreas como educação, saúde, meio ambiente, dentre outros, para projetos internos e externos. Tudo isso junto a um grande time de Dados que conta com outros(as) analistas e colaboradores(as) da nossa comunidade. Saiba mais ou já se inscreva por aqui.
📡 No radar
17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo | A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) trouxe especialistas do Brasil e do mundo para discutir 15 grandes temas, incluindo técnicas de apuração, trabalhos notáveis, projetos inovadores, transparência pública, proteção e segurança, ataques à democracia, desinformação, racismo, inclusão e sustentabilidade, entre outros. E ainda dá tempo de assistir. A gravação da programação online e gratuita ficará disponível até o dia 07 de setembro. Acesse aqui para assistir.
Cerveja com Dados em São Paulo | O Cerveja com Dados volta a São Paulo neste dia 11, às 19h, no Goethe Institut. A ideia do projeto é ser um espaço para construção de comunidades que incluam jornalistas, programadores, analistas de políticas públicas, designers, sociólogos e quem mais se interessar por conhecer (e desenvolver) projetos guiados por dados. Já seinscreva.
Um raio X dos profissionais de dados do Brasil | A inédita pesquisa State of Data mapeou o mercado de trabalho de dados no Brasil. Resultado da parceria entre Data Hackers e Bain & Company, o estudo reuniu indicadores relacionados a perfil demográfico, formação, atuação no setor, remuneração, rotatividade e fatores de satisfação no ambiente de trabalho, incluindo o impacto do trabalho remoto nas preferências profissionais de 2.645 respondentes de todo o Brasil. Confira a pesquisa na íntegra por aqui.
🌎 Databasers
Fernando Barbalho, cientista de dados no Tesouro Nacional, preparou uma visualização bem interessantes com gastos municipais em Assistência Hospitalar e Ambulatorial para o Ceará. Além de dados de população, ele usou dados do Siconfi, já tratados na BD. Barbalho também preparou um vídeo para explicar como o pacote siconfiBD te ajuda a acessar e cruzar esses dados com outras bases da BD.
Uma ótima maneira de conscientizar sobre uma doença grave, com sintomas silenciosos e que pode ser prevenida com exames regulares para detecção precoce.